domingo, 11 de setembro de 2011

De estômago a dentro (amor)

  Estava eu sentada numa mesa de restaurante para questões de almoço e observando um casal. Típico romance entre uma moça bonita, jovem, despreocupada e leve, que ria e comentava sobre o restante das pessoas e sobre as bestialidades pertencentes à juventude e um rapaz, tanto mais velho porém ainda novo, que me surpreendeu um pouco. Agia quase como que hipnotizado. Sorria quando ela sorria, sem desgrudar os olhos dos dela, num interesse quase perturbador que dava vontade de estalar os dedos e ordenar que acordasse do transe. 
   O fato é que ela se sentia feliz. Completa. Olhava pra ele com os olhos brilhantes e arregalados num sorriso aberto e disposto, com a voz morna e beijos longos. Era um amor de dar gosto. Se amavam ali, na mesa, sem pudor, sem com discrição. A conversa parecia interessante, os risos dela se ampliavam. Depois de um tempo a refeição veio e comeram como comem apaixonados quando saem pra comer. Era de revolver o peito e amansar o estômago. Numa doçura que amargava os invejosos, caso houvessem.
    Daí que depois da ceia ela se retirou da mesa para o banheiro, não sem um beijo no amado. Que moça sortuda. Que rapaz admirável. Nem bem ela saiu já ele falava no telefone com uma outra, chamava de benzinho, fazia graça e marcava encontro. Romance para a digestão, talvez.